Abel Braga justifica "costas largas" por história construída no Inter e ganha grupo no diálogo
Apesar da turbulência inicial, treinador cativou comandados com seu estilo, passou confiança até aos jogadores menos utilizados e fez todos lutarem juntos em busca do título do Brasileirão
Data de publicação: 1 de fevereiro de 2021
Hora: 14:00h
Créditos: Tomás Hammes
Fonte: Globo Esporte
Abel Braga não só mudou a forma do Inter jogar e arrancou rumo ao topo da tabela do Brasileirão. O trabalho do treinador também foi de mobilizar o vestiário. Com seu histórico e estilo agregador, conquistou o grupo e o fez caminhar em busca do título.
Após uma chegada tortuosa, com eliminações na Libertadores e Copa do Brasil, uma queda na tabela do primeiro para o sexto lugar e o afastamento por contrair o coronavírus, Abel reestruturou a equipe e encontrou uma maneira de atuar.
O time, que marcava na saída de bola do rival e primava pela posse de bola, já espera em seu campo e não faz questão de ter a supremacia na estatística. Prefere subir e ser letal.
Fora de campo, há algo tão ou mais importante. Mesmo no momento de turbulência, Abelão tratou de respaldar os pupilos. O conhecimento tático e os principais títulos da história do clube lhe dão estofo para convencer os atletas. Do outro lado, mantém a união no vestiário.
- A gente tem que colocar para fora toda ansiedade, temos a vantagem do ambiente, que é muito bom. Tem uma mistura legal de jovens com experientes. O Abel, que é um cara sensacional e passa experiencia, é vitorioso no clube e tem essas costas largas que nos blinda - enfatiza o goleiro Marcelo Lomba.
No gol de Edenilson que deu vitória no Gre-Nal, Abel correu para abraçar jogadores — Foto: Ricardo Duarte/Divulgação, Inter
Apesar do domínio do vestiário, o técnico não gosta de ser chamado de "paizão". Tem como mantra que trabalha "com a verdade", explica o que ocorre, passa confiança, cobra, mas em conversas cara a cara com os jogadores. Não faz distinção de hierarquia.
- O segredo é que trabalhamos igual com todos. O Pedro Henrique (zagueiro), uma das grandes joias do clube, perguntou ao preparador se eu não gostava dele. Não tem isso, cara! Levei ele no banco também, revezamos com o Jussa. Para não ficar sempre naquele grupo. O legal disso é que quem entra ajuda a resolver, ou ajuda a segurar, ou a mudar o jogo Todos têm que se sentir importantes - cita o técnico.
Abel cumprimenta Guerrero, que já está fora da temporada por lesão no joelho — Foto: Ricardo Duarte/Divulgação, Inter
A experiência de campo é outro trunfo de Abel que os atletas fazem questão de ressaltar. Marcelo Lomba deu o exemplo da goleada por 5 a 1 sobre o São Paulo e as mudanças na equipe que a fizeram suportar a pressão do Bragantino na vitória de domingo.
- (Abel) Tem uma liderança positiva. Escutamos o que fala, o que fazer. Contra o São Paulo, falamos que o Abel ganhou o jogo e hoje (domingo) mexeu no esquema para ficarmos mais confortáveis. Já tinha trabalhado com ele, tinha como referência e saber que hoje volta como um dos mais vitoriosos no clube, é bom viver esse momento – diz Lomba.
O exemplo mais recente do foco do treinador surgiu nesta segunda-feira. Ele foi sondado pelo Al-Nasr, dos Emirados Árabes, para deixar o clube imediatamente. Prontamente recusou.
Em busca da 10ª vitória seguida no Brasileirão, o Inter volta a campo na quinta-feira, quando enfrenta o Athletico-PR na Arena da Baixada. A partida está marcada para as 21h. O Colorado lidera a competição com 65 pontos.