Campeonato Brasileiro - Então, a culpa é de quem?
Data de publicação: 10 de dezembro de 2013
Coluna: Valeria R. Cenci
Colunista: Valeria R. Cenci
A última rodada do campeonato brasileiro foi uma verdadeira várzea . Restou como manchetes dos jornais a impressionante briga generalizada entre as torcidas de Atlético PR e Vasco, em Joinville/SC. A discussão sobre a responsabilidade da briga do domingo virou jogo de empurra-empurra entre as instituições envolvidas. A divergência sobre a utilização ou não do efetivo da Polícia Militar em eventos privados já ocorreu em outras oportunidades, e agora, com os fatos ocorridos em Joinville, o debate volta a ser midiático, e ganha proporções de sensacionalismo por parte da imprensa internacional, na medida que a Copa do Mundo de 2014 se aproxima.
Estão envolvidos o Clube Atlético Paranaense, mandante do jogo, a empresa de segurança privada contratada pelo clube, o Ministério Público de SC, a Polícia Militar de SC, e a FELEJ (Fundação Municipal de Esportes, Lazer e Eventos de Joinville, responsável pela administração da Arena Joinville), e também o Clube Vasco da Gama. Vejamos, resumidamente, o que cada instituição disse a respeito dos fatos ocorridos no domingo.
* Segundo Arilson Alves, proprietário da empresa contratada para cuidar da segurança do estádio, o clube Atlético PR solicitou 60 seguranças para a área interna da Arena Joinville. Ainda, o clube comunicou que traria de Curitiba mais 30 homens.
* O comandante do 8º Batalhão da PMSC, tenente-coronel Adilson Moreira, declarou na manhã de segunda-feira (09/12) que a responsabilidade pela segurança de um evento particular é de quem o promove. O efetivo da PMSC, que patrulhava a área externa da Arena Joinville era de 113 homens, segundo o comandante Nazareno Marcineiro.
* O presidente do Atlético-PR, Mario Celso Petraglia, criticou o Ministério Público de Santa Catarina por ter determinado "absurdamente" que a PM atuasse apenas no entorno do estádio. O Atlético-PR, através da sua assessoria de imprensa afirmou que lamenta os acontecimentos ocorridos no jogo. "A diretoria administrativa e do conselho deliberativo do clube tomarão todas as providências para identificar os envolvidos e puni-los, caso tenham ligações com a Instituição, ou denunciar às autoridades competentes qualquer um que tenha tido participação nos lamentáveis incidentes", divulgou o clube, no site oficial.
* Fernando Krelling, presidente da FELEJ (Fundação Municipal de Esportes, Lazer e Eventos de Joinville), órgão que administra a Arena Joinville, explicou que a ação do MP é contra a Felej, Prefeitura de Joinville, Joinville Esporte Clube e Polícia Militar. É algo recente, mas que impede a PM de atuar na parte interna do estádio . Afirma ainda que [...] as arquibancadas do local contam com grades contínuas separando as torcidas e outros equipamentos de segurança cobrados pelo MP, em ação civil pública apresentada no início do mês. , disse Krelling à Agência Brasil.
* Para o Ministério Público de Santa Catarina, a responsabilidade pelo incidente é do clube Atlético Paranaense, o promotor do evento. O MP ainda afirmou, em nota publicada no seu site oficial, que não fez nenhuma recomendação ou ação que impeça a Polícia Militar de atuar no interior do estádio Arena em Joinville. O promotor Francisco de Paula Fernandes Neto informou, via assessoria, que a ação civil pública ainda é só uma proposta, que não foi apreciada pela Justiça e que, se tivesse sido aceita, só seria aplicada a partir de 2014. A ação visa corrigir a utilização do efetivo da PM, sobretudo dentro dos estádios de futebol de SC, os quais estariam sendo utilizados para segurança de árbitros, jogadores, e até de placar eletrônico. A intenção do MP é coibir o desvio de finalidade da PM.
* O Vasco da Gama, na noite de segunda feira (10/12) informou que entrará no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e reinvindicará os três pontos perdidos. O embasamento do clube cruz maltino é de que a paralisação da partida foi maior que uma hora, tempo máximo permitido pela CBF para a interrupção de uma partida de futebol, e seu possível recomeço.
* O clube carioca busca no tapetão recuperar 3 pontos que, em qualquer situação normal de jogo, não conseguiria superar o Atlético, tamanha a mediocridade do seu futebol. A própria torcida do clube deu causa à paralisação da partida, logo, não merece prosperar o pedido do Vasco, que seria beneficiado pela sua própria torpeza.
* A Força Jovem, maior torcida organizada do Vasco, teve alguns de seus integrantes identificados pela reportagem da revista Veja, incluindo seu presidente. Já está sendo articulada por Promotores de SC e RJ uma forma de banir dos estádios a Força Jovem do Vasco e a Fanáticos, ambas maiores organizadas dos clubes.
* A Procuradoria do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) ofereceu denúncia contra os dois clubes envolvidos. Caso sejam punidos, Atlético PR e Vasco terão que jogar por 20 jogos como mandantes a 100 km de distância das suas respectivas sedes, e sem a presença do seu torcedor. Quanto ao árbitro Ricardo Marques Ribeiro, segundo os procuradores, não deveria "sequer iniciar a partida", poderá ser suspenso por 90 dias.
* A partida teve um público de quase 10 mil torcedores, número expressivo de pessoas, que necessitam de segurança no evento, sendo que deve ser realizada pelo Estado, incumbido de tal atribuição. A Polícia Militar, independente de alguma compensação financeira paga pelo clube (instituição privada), deve proporcionar segurança as pessoas que se deslocam até o estádio, para que cenas como as de domingo não aconteçam. Ocorre que, o Comando local de policiamento de Joinville, antecipando-se às adequações propostas pelo MPSC, entendeu por aplicar previamente o que nela era buscado para o ano de 2014, passando a agir em respeito ao princípio da universalidade do policiamento, sem interferir naquilo que é próprio da iniciativa privada.
* A violência ocorreu na área cuja segurança era privada, a cargo do Atlético PR. A falha deu-se pelo número inexpressivo de seguranças na barreira humana de divisão das torcidas, insuficiente para impedir a progressão dos torcedores, como mostram as imagens da pancadaria.
* Um jogo tenso, onde as torcidas já foram para a arquibancada sabendo que não teria policiamento na parte interna, foi perigoso. Caso viesse a falecer algum daqueles torcedores brutalmente espancados (que procuraram a violência, é verdade), de quem seria a responsabilidade? Um grande cenário propício para violência foi armado. A intervenção da PM evitou uma tragédia anunciada. A ineficácia de uma segurança sem armamentos ficou deflagrada.
* Algumas condições de segurança (as básicas, inclusive) não estão sendo respeitadas nos estádios de futebol. A segurança pública é constitucionalmente assegurada a todo cidadão, e ela deve ser realizada pelo Estado toda vez que algum evento reúna um grande número de pessoas, atendendo e respeitando a dignidade da pessoa humana.
* A violência ocorre por diversos fatores da própria gestão do futebol, começando pela falta de transparência e comando da CBF (que ninguém sabe ao certo qual sua função), a atividade obscura dos empresários ligados ao futebol (lavagem de dinheiro), dirigentes corruptos, a elevação do preço dos ingressos (elitizando o esporte), o monopólio do futebol a uma só empresa reguladora que decide deliberadamente o andar da carruagem , tudo isso contribui para a violência no esporte, e não somente o problema cultural da educação e segurança pública de um modo geral. Essas falências são oriundas de uma máfia do futebol, que financia torcidas organizadas, geralmente responsáveis pelas barbáries que seguidamente acompanhamos.
* Culturalmente, estamos longe de solucionar tais problemas. O mesmo bandido que perturba a sociedade é aquele que aos domingos frequenta o estádio e, se puder, provoca violência, amparado pela sua torcida organizada, maquiando uma facção criminosa, na disputa por território até mesmo dentro de um estádio de futebol.
* Sobre a parte boa do futebol, até que enfim acabou o campeonato brasileiro, fraco tecnicamente, e nivelado por baixo. Um exemplo disso é a insatisfação de boa parte da torcida do Grêmio. O futebol apresentado foi sofrível, e mesmo assim, o clube garantiu o vice campeonato.
* Renato Gaúcho, Dida, Elano e Vargas não tem permanência garantida. O Grêmio terá que se virar para contratar bons nomes sem dinheiro em caixa. Na quinta feira será o sorteio dos grupos da libertadores. Com o vice campeonato, o Grêmio garantiu a vaga direta, e um tempo maior de pré-temporada.
* O Internacional até tentou dar um susto maior na sua torcida, mas não conseguiu (nem dar o susto, nem jogar futebol). O colorado largou de mão o campeonato e fez uma campanha terrível, sendo que no início, boa parte da imprensa o qualificava como candidato ao título, e terminou em 15° com apenas 48 pontos somados.
* Ao que tudo indica, vem aí Abel Braga para colocar ordem no vestiário. Alguns reforços já estão sendo sondados. De concreto até então, Ernando, zagueiro do Goiás, se apresenta no início das atividades em 2014. Paulão ex-Grêmio, também pode desembarcar para reforçar o sistema defensivo. Leandro Damião provavelmente será negociado para fazer caixa, mas seu valor de mercado diminuiu consideravelmente.
* Na quarta feira a rebaixada Ponte Preta disputa o 2° jogo da final da Sulamericana. Em São Paulo, Ponte e Lanús empataram em 1 a 1. Se sagrar-se campeã, os paulistas eliminam o Botafogo da pré-libertadores, e ficam com a vaga para a disputa do torneio.
Informações retiradas dos Sites G1, Agência Brasil de Comunicação, e mpsc.mp.br
Boa semana a todos.
Por: Matheus Henrique Assumpção
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