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O "politicamente correto " fraudou a sociedade? - Adriano Kaufmann


Data de publicação: 6 de março de 2018
Coluna: Adriano Kauffmann
Colunista: Adriano Kauffmann



 


O mundo atual é bem dinâmico e recheado de polêmicas das mais diversas áreas. Para minimizar os conflitos, eis que surgiu uma expressão que é quase um título de um manual do tipo "como a gente deve falar sem se dar mal" - o politicamente correto. Para introduzir o tema, fiz uma rápida busca na internet para formular teoricamente a expressão "politicamente correto". Em poucas palavras, a melhor escolha, ao meu ver foi que é "uma linguagem que busca não discriminar".


Em tempos em que se fala e se debate palavras como democracia, direitos sociais, respeito, liberdade de expressão, preconceitos, entre outras, vimos que todas elas se misturam, embaraçam a cabeça das pessoas e provocam medo. Medo? Sim! Percebe-se que muitas vezes entre o pensar e o falar há um grande precipício. Na prática fala-se o que os outros querem ouvir. Mas no fundo, lá no íntimo, as pessoas não pensam da forma como falam.


Ser uma pessoa "politicamente correta" muitas vezes coloca uma pessoa em conflito com ela mesma. Ao usar-se de um molde contemporãneo de pensamento, ela acaba perdendo a própria originalidade. A partir do momento que alguém abandona a sua essência e a sua forma de pensar para se adequar ao seu ambiente social, ela corrobora para o seu bem estar social mas contribui para que a nossa sociedade administre a fraude que vive. O que eu quero dizer é que a sociedade parece aceitar muitas coisas que na verdade não aceita. Não aceita e se cala, ora por medo, ora por sanções que possam lhe atingir e na melhor das hipóteses, por respeito com o outro. Não falam o que sentem porque hoje não se admite mais que se fale. Diante disto, parece que a sociedade está vivendo em harmonia entre seus membros, mas ainda é apenas um faz de contas. As pessoas continuam não pensando da forma como falam e não falam o que de fato pensam.


Expor os sentimentos seria apenas uma forma das pessoas executarem a liberdade de expressão. Porém, hoje ao colocar a sua liberdade de expressão em prática ela precisa "se ligar" em cada palavra que irá empenhar. Uma interpretação diferente poderá causar um massacre de um grupo que defende uma bandeira social, por exemplo. Hoje, a sociedade vive um medo: o medo da interpretação de uma expressão. É preciso muita cautela para que não se provoque o desrespeito e que ninguém se sinta ofendido no momento em que se quer por em prática esse direito.


Considerando o exposto podemos fazer algumas reflexões. Se as pessoas aparentam pensar de uma forma e não pensam desta forma, logo a sociedade em que vivemos é, evidentemente, uma fraude? Será que houve mesmo uma evolução no pensamenteo da sociedade ou ela apenas foi obrigada a mudar o que fala (e não o que pensa)? Será que o povo aprendeu a respeitar as diferenças, de fato? Ou a sociedade apenas conseguiu calar quem pensa diferente do "politicamente correto"?


 



 


Adriano Kaufmann


 



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