Welcome to the jungle - Lessandro Sassi da Silva
Data de publicação: 13 de março de 2017
Coluna: Lessandro Sassi da Silva
Colunista: Lessandro Sassi da Silva
Mais um dia com outro qualquer na Cidade do México, numa vila (como é chamada) um grupo de vizinhos inicia suas atividades diárias, cada um cuidando da sua vida. O local é muito simples e humilde, as pessoas que fazem parte são esperançosas e acolhedoras. Por vezes desconfiadas. Suas férias, no entanto, são dignas de atores de cinema. Em geral costumam viajar para Acapulco.
Mas neste dia, que parece ser como outro qualquer, uma coisa extraordinária vai acontecer. Uma StartUp vai surgir. E não é uma StartUp qualquer, é uma do ramo alimentício. Vamos combinar, todos no mundo precisam comer pelo menos uma vez ao dia. Isso é um negócio e tanto, um nicho de mercado sensacional.
O negócio é focado, segmentado. Tem um nicho bem definido. Seu produto principal já foi provado e aprovado em testes com os próprios vizinhos, o target market foi estabelecido.
O produto? Churros! Deliciosos churros da Dona Florinda. A operação começa a ser montada, os ingredientes são comprados, o processo produtivo foi organizado e chegou a hora de pensar na prospecção dos clientes. Quem será o responsável pelo departamento comercial e por vender os produtos?
Um candidato não tão óbvio surge e é logo contratado. Seu Madruga. Sua carreira é peculiar. Construtor, marceneiro, artista, vendedor de utilidades para o lar ( ou você não lembra dele com um saco nas costas gritando pela vila “Chapéu, sapatos ou roupas usadas quem tem?!”).
Acordo fechado, está marcada a data de lançamento do produto. No mesmo dia uma fornada de churros sai, quentinha. Seu Madruga é “convidado” a vestir o uniforme da StartUp e iniciar as operações de venda.
O produto é bom, a praça onde vai ser comercializado possui grande potencial de crescimento, o preço é acessível, a conveniência para os consumidores é grande. Mas Dona Florinda não foi capaz de avaliar todas as partes do seu negócio. Esqueceu de dar atenção especial ao processo de Recrutamento e Seleção da sua equipe. E mais, acredito que ela não tenha ainda claro quais são as competências necessárias que ela deveria observar na hora de contratar ou desenvolver em sua equipe.
Seu Madruga não tem culpa, em sua humildade ele apenas aproveitou as oportunidades que a vida lhe ofereceu. Onde havia a chance de conseguir algum trabalho (de preferência não muito trabalhoso pois em suas palavras: “não há trabalho ruim, o ruim é ter que trabalhar”) ele se candidatava. Infelizmente Seu Madruga também não cuidou da sua carreira como deveria. Perdeu oportunidades de se desenvolver e se tornar um profissional de referência dentro de um nicho.
Como Dona Florinda e Seu Madruga, muitas outras pessoas não possuem todas as habilidades necessárias para se tornarem excelentes em seus ramos, ou ainda, nem fazem ideia do que é isso. A diferença entre aquilo que precisam e o que possuem não passa por suas cabeças. Apenas vão para o trabalho, batem cartão, cumprem horário, voltam para casa. E assim os anos passam.
Quando, num ímpeto de empreendedorismo resolvem fazer uma mudança, as coisas por vezes não se sustentam. Com a StartUp dessa história não foi diferente. Do auge ao fracasso em aproximadamente 18 minutos (tempo médio que duravam os episódios).
Saber quais competências são necessárias é crucial para sobrevivência, seja de organizações (empresas, repartições publicas, ongs e etc) ou pessoas. São as competências que sustentam todo o resto, que fazem com que a equipe atue em harmonia sinfônica com o que é preciso ser feito ou que você se destaque na sua vocação.
Para isso, planejamento é fundamental. E planejar não é uma coisa que seja forte na cultura brasileira. Confesso que também sofro deste mal. Quando se trata de desenvolvimento, seja de carreira ou de negócios, agir proativamente é sempre melhor do que esperar as coisas acontecerem. E para essa ação ter o resultado desejado estudar os próximos passos é etapa obrigatória.
Sem uma percepção clara de quais competências são necessárias, a selva não deixa barato. Você acaba não sendo mais empregável ou sua organização acaba perdendo espaço.
Lessandro Sassi da Silva