Brasil x EUA: o que esperar com Trump no poder?
Data de publicação: 3 de fevereiro de 2017
Coluna: Adriano Kauffmann
Colunista: Adriano Kauffmann
Uma das maiores supresas que já se viu na história política mundial foi a eleição do bilionário Donald Trump como presidente dos Estados Unidos. Uma eleição que se desenhava tranquila para Hillary Clinton devido à falta de apoio dentro do próprio partido dele, o Republicano. Mas o inimaginável aconteceu. O resultado da eleição foi um terremoto no mercado mundial de magnitude ainda desconhecida.
Afinal, o que o mundo pode esperar de uma pessoa tão polêmica e imprevisível? Ainda é cedo, mas para cada país o reflexo terá proporções diferentes, obviamente. Mas para o Brasil, o que pode vir a acontecer com essa nova visão do governo americano?
Em se tratando de Trump, qualquer projeção é mera especulação. O que ficou claro desde a campanha eleitoral é que Trump é um rígido nacionalista, característica que sempre é bem vista no seu país. Outras características dele são o conservadorismo e o protecionismo. Este protecionismo preocupa países parceiros dos americanos. Uma das primeiras medidas dele foi retirar o país do Tratado Transpacífico. O fato da parceria com países asiáticos através deste acordo ter acabado, o agronegócio do Brasil poderá ser beneficiado já que os benefícios, como a eliminação de tarifas que o acordo trazia para as negociações entre estes países, já não existem mais. Aqui é importante a ação do nosso governo, o qual precisa saber aproveitar esse momento de oportunidade e transformá-la em realidade, principalmente com as commodities. Além disso, o presidente americano já anunciou que vai rever o pacto do Nafta.
Trump causou um desgaste da relação dos Estados Unidos com diversos países, principalmente pelas palavras mais árduas que tem distribuído em seus discursos. Porém, com o Brasil a relação permanece tranquila. Dessa forma é um momento, eu diria, estratégico, do Brasil buscar uma aproximação com o seu governo. É evidente que os americanos não vão viver sozinhos em seu "mundinho". Eles precisarão se relacionar com outros países. Trump tem em mente um programa de investimentos em infraestrutura que pretende alcançar 1 trilhão de dólares. Com isso, haverá o aumento da demanda por bens e também por serviços, o que pode representar uma oportunidade para vários países, inclusive o nosso. O Brasil sempre foi um país pacífico. Não seria o momento de traçar planos para abocanhar boas relações comerciais com os americanos?
Outra grande questão que pode afetar o Brasil tem a ver com os investidores. O Brasil vive um momento de redução de taxa de juros com projeção de uma Selic que pode chegar a 9,50% ainda ao final deste ano, reduzindo a atratividade de investimentos aqui. Já nos Estados Unidos não se sabe como serão as ações do governo com relação aos juros. Daqui a pouco se resolve elevar os juros por lá e acaba saindo bastante recurso daqui.
Contudo resta a nós acompanharmos os desenrolares das ações que vão sendo tomadas por Trump e dentro das possibilidades "derrubarmos os muros" e aproveitarmos as oportunidades que venham a se desenhar para o crescimento do nosso país.
Por Adriano Kaufmann