Mais de 400 mil brasileiros realizaram tratamento contra a trombose entre 2012 e 2023, segundo a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV)
A saúde vascular também merece atenção. A trombose venosa é uma das condições mais comuns e necessita de atendimento imediato. O cirurgião vascular, membro do corpo clínico do HCPF, Dr. Eduardo Tigre, explica o que é a trombose.
“A trombose venosa é a formação de um coágulo (trombo) dentro de uma ou mais veias do corpo, causando entupimento desses vasos, obstruindo o fluxo sanguíneo e dificultando o retorno venoso ao coração. Ocorre mais comumente nos membros inferiores e em alguns casos esse coágulo pode se desprender, se movimentar ela corrente sanguínea e parar nos vasos dos pulmões (condição potencialmente fatal).”
É importante ao paciente identificar alguns sinais de alerta na região das pernas para o diagnóstico precoce e ação rápida em relação ao tratamento.
“Os principais sintomas, quando ocorre nos membros inferiores, são a dor na perna de início súbito, o endurecimento da musculatura (geralmente na região da panturrilha) e o inchaço (edema) do membro acometido, quadro clínico habitualmente ocorrendo de um lado só. A suspeita diagnóstica é clínica, pelos sintomas e história do paciente, e deve ser confirmada através de um exame de ultrassonografia chamado ecoDoppler.”
Este coágulo pode se deslocar para os pulmões, gerando a embolia pulmonar. “Quando ocorre a embolia pulmonar os sintomas mais característicos são a falta de ar e a dor para respirar profundamente e o diagnóstico é feito com a realização de uma angiotomografia do tórax.” destaca o cirurgião vascular.
Todas as faixas etárias são suscetíveis a desenvolver a doença, especialmente quando forem expostas a procedimentos cirúrgicos, entre outros.
“A trombose é mais frequente em pessoas com idade a partir dos 60 anos, mas pode ocorrer em qualquer faixa etária. Gestação e pós-parto são períodos de alto risco para as mulheres. Pode acontecer espontaneamente, mas geralmente está associada a uma série de circunstâncias, como: após cirurgias, traumas, imobilização prolongada, uso de hormônios (em especial, hormônios femininos contendo estrogênios), gestação, pós-parto e pode também estar associada a uma série de doenças.” alerta Dr. Eduardo Tigre.
O especialista complementa os demais fatores de risco para a trombose. “Doenças infecciosas, inflamatórias, autoimunes, cardíacas, pulmonares e, especialmente, neoplasias malignas estão dentre as várias doenças associadas às tromboses venosas. Outros fatores de risco são obesidade, histórico familiar (parentes de primeiro grau em especial), hospitalização, cateteres venosos, entre outros.”
A trombofilia também é um fator de alerta nestas situações. “Pacientes portadores de trombofilias (predisposição para desenvolver trombose) hereditárias e adquiridas têm maior predisposição a ter tromboses. Entretanto, este costuma ser somente um fator adicional e, apenas em algumas circunstâncias, pode levar à mudança de conduta, não sendo necessário pesquisá-las em todos os casos.”
Tratamento
“Quando se tem a suspeita de trombose venosa é preciso iniciar imediatamente um anticoagulante, seja oral ou injetável, até a confirmação do diagnóstico. O tratamento depende da extensão da trombose: em casos em que acomete somente as veias da perna, o anticoagulante oral é a medicação de escolha; nos casos em que a trombose se estende até as veias intra-abdominais (dentro da barriga) é necessário iniciar com o anticoagulante injetável (heparina) e depois de uns dias, começar com a medicação oral. Além disso, se a trombose é muito extensa e produz sintomas intensos ou mais graves, pode ser necessário realizar um procedimento para remoção do coágulo chamado de trombectomia.” explica o cirurgião.
Além de medicamentos, o uso de meias de compressão também pode ser indicado pelo médico responsável para melhora dos sintomas durante o tratamento. “Em todos os casos, no seguimento do tratamento, o paciente com trombose venosa precisa usar meia elástica compressiva e flebotômicos (medicações que auxiliam a circulação venosa).”
O especialista alerta também quanto a prevenção da trombose. “Cuidar bem da saúde é essencial. Evitar excesso de peso, praticar atividades físicas frequentes, cuidados no uso de hormônios (em especial hormônios femininos), usar meias elásticas em viagens prolongadas e, quando indicada, profilaxia com anticoagulantes após cirurgias e internações são as medidas mais importantes na prevenção das tromboses venosas. E quando estiver na dúvida sempre procure um cirurgião vascular.” finaliza Dr. Eduardo Tigre.
Colaboração: Dr. Eduardo Tigre, cirurgião vascular e supervisor do Programa de Residência Médica em Cirurgia Vascular UFFS/HCPF.