Probabilidade de chuva no momento da cerimônia é de 70% a 80%
Com recorde de ingressos vendidos, inovação e um esquema de segurança sem precedentes, os Jogos Olímpicos de Paris de 2024, na França, começam oficialmente às 14h30min desta sexta-feira. As disputas, no entanto, iniciaram há dois dias, com direito à participação brasileira. Já obtivemos classificações no tiro com arco e estreias vitoriosas no handebol e no futebol feminino.
Há 100 anos, Paris sediava pela segunda vez na história os Jogos Olímpicos – a primeira foi em 1900. Um século se passou, mas o evento esportivo mais importante do planeta ainda é capaz de trazer novidades em sua 33ª edição. Entre as inovações estão uma esperada Cerimônia de Abertura a céu aberto, ao longo do Rio Sena, e premiação em dinheiro.
Milhares de atletas estarão navegando ao longo do Rio Sena ao pôr do sol em direção à Torre Eiffel. A ideia ambiciosa era trazer o espetáculo marcante de um estádio com ingressos caros para a cidade, onde muito mais pessoas poderão vê-lo gratuitamente. Uma multidão de 320 mil pessoas é esperada às margens do rio ao longo do percurso de seis quilômetros, da Ponte d’Austerlitz até a Ponte d’Iéna.
Os ingressos serão gratuitos para cerca de 220 mil espectadores, que assistirão ao desfile de barcos da margem superior do rio. Cerca de 100 mil espectadores pagantes, incluindo luxuosos pacotes de hospitalidade, assistirão na margem inferior do rio e ao redor da praça Trocadéro – onde o desfile terminará com vista para a Torre Eiffel.
É o plano mais audacioso para uma cerimônia olímpica principal – os Jogos Olímpicos da Juventude de Verão de 2018 testaram uma abertura não tradicional no centro de Buenos Aires, na Argentina – e o seu maior risco de segurança. O plano original para 600 mil espectadores permitia mais espontaneidade na cidade, mas menos segurança.
O presidente francês, Emmanuel Macron, reconheceu que o desfile fluvial poderia ser transferido se a cidade for novamente atacada por terroristas, como aconteceu em 2015. A Cerimônia de Encerramento, em 11 de agosto, está marcada para a arena nacional do Stade de France, depois de receber o atletismo, na última semana dos Jogos.
“Como somos profissionais, obviamente existem planos BeC”, disse Macron, em dezembro. Em Paris, a premiação será paga aos medalhistas de ouro diretamente a partir das receitas olímpicas, numa controversa ruptura com a tradição. Mas não por decisão do Comitê Olímpico Internacional (COI), que se opôs claramente à promessa feita em abril pela federação internacional de atletismo, a World Athletics.
Cada uma das 48 medalhas de ouro no atletismo em Paris garantirá um prêmio de US$ 50 mil, cerca de R$ 280 mil. Para os Jogos de Los Angeles-2028, a World Athletics também quer pagar prêmios em dinheiro pela prata e pelo bronze. Os prêmios em dinheiro tornaram-se rotina para os atletas olímpicos quando pagos pelos governos e órgãos olímpicos nacionais.
A França pagará aos seus medalhistas de ouro cerca de US$ 85 mil cada. O Comitê Olímpico e Paralímpico dos EUA administra o “Projeto Ouro”, que dá US$ 37,5 mil para ouro, US$ 22,5 mil para prata e US$ 15 mil para bronze. No entanto, a promessa de US$ 2,4 milhões (R$ 13,4 milhões) anunciada pelo presidente da World Athletics, Sebastian Coe, virá diretamente da participação do esporte na receita multibilionária do COI proveniente de transmissões e acordos de patrocínio.
Nos Jogos de Tóquio, há três anos, o COI reservou cerca de US$ 540 milhões para todas as entidades esportivas ligadas dos Jogos de Verão, conhecido como ASOIF. O atletismo é um esporte olímpico de primeira linha e por isso recebeu o pagamento mais alto: quase US$ 39,5 milhões (R$ 221 milhões). O COI, contudo, não quer ver crescer essa tendência de premiação aos atletas, preferindo que os órgãos dirigentes gastem as suas receitas olímpicas em projetos de desenvolvimento.
Segurança
O Grupo Nacional de Intervenção da Gendarmeria (GIGN) terá como missão principal a segurança das viagens dos líderes políticos e atletas nos veículos que os levarão até a zona portuária e também nos barcos que vão transportá-los pelo rio até o Trocadero, em frente à Torre Eiffel. Em um evento de magnitude tão grande como o início dos Jogos, o perímetro de proteção antiterrorista no centro de Paris, em vigor desde 18 de julho, será ainda mais rigoroso para a Cerimônia.
Nesta sexta-feira, segundo a polícia francesa, a partir das 13h local (8h pelo horário de Brasília), nenhum tráfego automobilístico será tolerado, com exceção das forças de segurança e emergências. A partir das 15h30min local (10h30min de Brasília), ou seja, quatro horas antes do início do evento, os espectadores com ingressos poderão acessar uma das quinze áreas para acompanhar o evento em pé ou seus próprios assentos nas arquibancadas. Porém, antes disso, deverão passar por um processo de pré-checagem em que seus ingressos serão verificados pela polícia, antes de passarem para a inspeção de bolsas e revista de segurança.
O esquema de segurança francês também vai se estender para o céu. O tráfego de dois aeroportos de Paris será interrompido, assim como o de outro aeroporto secundário localizado em uma região vizinha da cidade.
Previsão do tempo
Os espectadores da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos devem se preparar porque segundo o serviço meteorológico francês há uma probabilidade “entre 70% e 80%” de chover nesta sexta-feira, embora não esteja previsto um “cenário catastrófico”.
“As previsões mudaram completamente desde ontem: indicam agora entre 70% e 80% de probabilidade de chuva durante a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos”, disse Cyrille Duchesne, diretora do serviço de previsões do La Chaîne Météo. Há menos de 24 horas, as previsões eram mais otimistas e previam tempo “tranquilo”, mas nublado.
Greve suspensa
Centenas de bailarinos que ameaçavam fazer greve durante a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris na sexta-feira (24) cancelaram seu protesto depois de receber uma nova oferta salarial, anunciou o sindicato. Os artistas conseguiram um aumento salarial vinculado aos direitos de transmissão ao vivo da cerimônia durante uma rodada final de negociações com os organizadores, disse o sindicato SFA-CGT em um comunicado.
O sindicato, que diz representar cerca de 10% dos 3 mil artistas envolvidos na cerimônia de abertura, apresentou um aviso de greve na semana passada devido ao que descreveram como “desigualdades escandalosas” na remuneração entre os bailarinos.
O acordo alcançado na quarta-feira significa que os dançarinos mais mal pagos receberão entre 160 e 240 euros (970 e 1450 reais) a mais por sua apresentação na noite de sexta-feira, disse à AFP um membro do sindicato envolvido nas negociações.