Após enchentes, ABPA indica recuo de 4,47% nas remessas avícolas e de 2,5% nas suinícolas entre os meses de janeiro e junho, frente ao mesmo período do ano passado
As exportações gaúchas de frango e de suínos terminaram o primeiro semestre de 2024 em queda. Porém, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), por diferentes razões.
Enquanto a avicultura integrada foi duramente atingida pela catástrofe climática de maio, com 70% da capacidade produtiva e industrial atingida, a suinocultura adapta-se à redução das importações chinesas da proteína.
Os números, divulgados nesta segunda-feira pela entidade, apontam recuo de 4,74% nos embarques de carne de frango e subprodutos do Rio Grande do Sul no acumulado de janeiro a junho, ante o mesmo intervalo de 2023.
“O Rio Grande do Sul continua como terceiro principal Estado exportador da proteína de carne de aves. Quando falamos de carne suína, foi o segundo com maior volume exportado. Há um pequeno decréscimo, mas é importante lembrar que a tragédia que assolou o Estado, naturalmente, impactou sobre a exportação”, diz Luís Rua, diretor de Mercados da ABPA.
A diminuição nas exportações de cortes suínos do RS, no acumulado dos primeiros seis meses do ano e sob a mesma base de comparação, ficou em 2,5%. O movimento, conforme o presidente da ABPA, Ricardo Santin, reflete um “redesenho” no mapa dos embarques do produto brasileiro ao exterior.
“Antes responsável por mais de 50% de nossas exportações, os embarques para a China têm retraído e sido substituídos pelas vendas para outros mercados relevantes, como é o caso das Filipinas, do Japão, que assumiram respectivamente o segundo e terceiro lugares como maiores importadores em junho”, explica Santin.
No entanto, para a ABPA, o movimento baixista não anula a perspectiva de que o Estado conquiste melhor desempenho até o final de 2024.
“As expectativas são positivas a partir de agora, ainda mais com novos mercados sendo habilitados para o Rio Grande do Sul”, lembra Rua.
Entre eles estão as Filipinas. O país do Sudeste Asiático foi inserido na rota internacional e no caminho da recuperação da suinocultura gaúcha ao final de junho. Com mais de 100 milhões de habitantes, a nação foi a segunda maior compradora da proteína brasileira no primeiro semestre, atrás apenas da China.
Embarque nacional de suínos é recorde
Enquanto a indústria suinícola exportadora gaúcha encerrou os primeiros seis meses do ano com resultado negativo, o Brasil totalizou o recorde de 613,7 mil toneladas despachadas ao Exterior. De acordo com ABPA, foi o melhor primeiro semestre da série histórica. O desempenho é 4,1% melhor que de janeiro a junho do ano passado, quando o país embarcou 589,8 mil toneladas da proteína.
Em receita, as exportações de carne suína totalizaram US$ 1,3 bilhão no mesmo período comparativo (janeiro a junho), número 8% menor em relação a 2023, com US$ 1,413 bilhão. Santa Catarina lidera o ranking de Estados exportadores, tendo comercializado 337 mil toneladas entre janeiro e junho, com crescimento de 5,1% no volume negociado.
Exportações brasileiras de frango caem 1.6%
Já o mercado avícola nacional encerrou o mesmo intervalo com queda de 1,6% no volume exportado. O resultado aponta para o embarque de 2,588 milhões de toneladas, número 1,6% menor que o total acumulado nos seis primeiros meses de 2023, com 2,629 milhões de toneladas.
“A oscilação levemente negativa nos embarques comparativos de junho não é suficiente para comprometer o momento positivo vivido pelas exportações de carne de frango. O fato da média do primeiro semestre superar a média geral de 2023, aliada ao fato de que o segundo semestre é, tradicionalmente, o melhor período para as exportações, apontam para novos resultados positivos para o ano de 2024”, destaca Ricardo Santin.
Contudo, a associação chama a atenção para a média mensal das remessas de frango de janeiro a junho, de 431,4 mil toneladas. O resultado é 0,8% melhor que a média trabalhada nos 12 meses do ano anterior, de 428,2 mil toneladas.
A China segue como principal destino dos produtos avícolas brasileiros, mesmo com redução próxima a 30% no acumulado dos meses analisados e sob a mesma base comparativa. Em seguida estão os Emirados Árabes Unidos, com 240,1 mil toneladas (+20%), Japão, com 214,2 mil toneladas (-3%) e Arábia Saudita, com 206 mil toneladas (+17%).
O Paraná segue como principal exportador de frango do país, com 1,076 milhão de toneladas exportadas no primeiro semestre deste ano, número 1,1% menor do que o registrado em 2023. Em seguida está Santa Catarina, com 563,6 mil toneladas (+3,4%).