Cristais de gelo encobrem hortas, ampliam o prejuízo acumulado pelas enchentes e impactam abastecimento de folhosas e verduras ao consumidor
A produção de hortaliças do Rio Grande do Sul sofre mais um revés com as extremidades climáticas. Duramente atingidas pelas chuvas e enchentes de abril e maio, as hortas espalhadas por quase todas as regiões do Estado devem registrar perdas após as baixas temperaturas e as geadas dos últimos dias.
“Para as olerícolas, [a geada] é uma situação bem ruim, bem negativa, especialmente para as folhosas, como alface, couve, rúcula, chicória, todas as verduras que usamos em nossa mesa. Vamos ter uma repercussão no fornecimento, como já estávamos tendo. Vai prejudicar mais ainda”, alerta a meteorologista Loana Cardoso, do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação.
É possível também que a geada prejudique as pastagens, mesmo as mais resistentes.
“É um período de crescimento bastante lento, em função das baixas temperaturas, em função da baixa disponibilidade de radiação, viemos de um período de muita chuva e de muitos dias nublados. Isso pode ter um impacto negativo na alimentação animal”, considera a meteorologista.
Também as culturas de inverno, como trigo, cevada e aveia são favorecidas, ainda que fenômenos extremos possam resultar em algum dano leve. “Mas não é o esperado”, destaca Loana.
Geada elimina soja guaxa e frutíferas
De acordo com o Alencar Rugeri, assistente técnico em culturas da Emater/RS-Ascar, o desempenho da geada como herbicida natural contribui no controle da soja voluntária, conhecida como soja guaxa.
“É um trabalho que o produtor precisaria fazer. Neste sentido, a geada é bem-vinda para as culturas de lavoura, desde que ocorra neste período”, acrescenta Rugeri.
Além de poupar o produtor de eliminar as plantas indesejadas, que nascem após a colheita da oleaginosa e são hospedeiras de patógenos indesejados, os cristais de gelo também beneficiam as árvores frutíferas.
“Para as frutíferas de inverno, frutíferas temperadas, que estão em período de dormência, este período frio é benéfico. Elas precisam de acúmulo de frio para superação de dormência na primavera e para que tenham uma boa brotação”, lembra Loana.